Nós, trabalhadores e trabalhadoras, executamos serviços e produzimos bem essencial para nossa cidade funcionar. Entretanto, não possuímos uma casa para morar. Trabalhamos duro para higienizar a cidade, os equipamentos de saúde, as escolas, os restaurantes e as casas de família, tanto as nossas como as casas das patroas. Trabalhamos duro nas empresas, no comércio, nos transportes; colocamos água, energia e gás nas casas.
Construímos e fazemos manutenção em tudo que tem na cidade. Calçamos as ruas, canalizamos esgoto, mantemos as praças limpas, disponibilizamos alimentação nos restaurantes. Nosso trabalho disponibiliza os bens sociais que a sociedade precisa para viver bem. Contudo, não somos reconhecidos pelo nosso trabalho.
Somos considerados sem-teto. Porque o salário que recebemos não cobre as nossas necessidades. Somos empurrados para as piores regiões da cidade. Encosta de morros, na margem de córregos/esgotos, em moradias precárias, sem luz natural, sem ventilação, com apenas um cantinho exíguo para descansar o corpo. Quando faz calor é um forno, quando faz frio é um gelo e quando chove ficamos encharcados. Quando encontramos um lugar melhor para morar o aluguel come todo nosso salário.
As políticas habitacionais não atendem nossas famílias – de renda até três salários mínimos. Em geral, para ingressar em programas habitacionais é necessário ganhar mais de quatro salários mínimos e comprovar renda. E somos jogados de um lado para outro como saco de lixo.
Somos excluídos da cidade consolidada. Empurrados para beira de rios, locais insalubres, áreas de risco e/ou de preservação ambiental. Enquanto isso, sobra moradia nas regiões urbanizadas. Entre domicílios vazios e prédios comerciais desocupados.
Dizem que o mal não anda sozinho. E, agora, além de nosso dramático cotidiano, estamos sendo atingidos pelo desemprego que nos mata diariamente. Além de diversas doenças curáveis que nos atinge, como a gripe, a tuberculose, a dengue, a febre amarela, o sarampo e outras. E, neste momento pior, caiu em cima de nossas vidas o coronavírus. Somos obrigados a trabalhar para o nosso sustento e quando caímos doentes não temos tratamento adequado. Sem o nosso trabalho, a sociedade desmorona. É o que está ocorrendo. Estamos aqui para que os recursos públicos sejam destinados à construção de bens sociais e que essas obras gerem empregos.
A MORADIA é um bem social que gera empregos em sua construção e oferece condições para que o trabalhador(a) continue viabilizando o funcionamento da sociedade.
Os RECURSOS PÚBLICOS são criados pelos trabalhadores quando produzem e executam serviços essenciais. Os empresários não pagam impostos. Eles simplesmente transferem dinheiro que tiram dos trabalhadores. Os privilegiados (do judiciário, das forças de segurança, da mídia, etc.) também não pagam impostos. Transferem recursos que se apropriaram de modo sorrateiro em decorrência do poder que têm.
Então são os valores criados pelos trabalhadores que compõem os recursos públicos. Portanto, devem retomar para os trabalhadores por meio de bens sociais: moradia, saúde, educação, lazer, etc.
Por isso, a FLM apresenta sugestões para dar início a um grande programa habitacional para famílias trabalhadoras sem-teto.