Criado em 2018, o Grupo Mulheres Negras na Frente tem o objetivo de fortalecer as mulheres trabalhadoras de menor renda envolvidas na luta por moradia digna em São Paulo, especialmente àquelas filiadas à Frente de Luta por Moradia (FLM). Este coletivo, composto por aproximadamente 5 mil mulheres, realiza encontros mensais com cerca de 100 participantes para discutir temas cruciais como direito à moradia, prevenção à violência doméstica, identidade negra,  saúde, educação, cultura, entre outros. Essas temáticas visam promover a autonomia, a independência financeira e o empoderamento das mulheres negras.

Inspirada na metodologia dos princípios de Paulo Freire, a iniciativa prioriza o diálogo crítico e a participação ativa das mulheres. O projeto reconhece as múltiplas opressões enfrentadas pelas mulheres (em especial, as negras) — que incluem não apenas o machismo e o racismo —, mas também as desigualdades econômicas e sociais. Assim, busca enfrentar essas questões por meio da solidariedade, igualdade e democracia.

O programa de ação do grupo inclui iniciativas para o emprego, moradia, educação, saúde, cultura e lazer, com um foco especial na formação contínua e na luta por melhores condições de vida. A partir dessas atividades, o grupo já alcançou resultados significativos, como o Plantão Psicológico, que atendeu mais de 400 pessoas, o encaminhamento de mais de 100 mulheres para vagas de emprego, a facilitação de contratos habitacionais para 186 mulheres, com outras 587 em processo de obtenção da casa própria.

Esses resultados refletem o impacto positivo do projeto e a força das mulheres que continuam a participar e a expandir a iniciativa.

Em abril de 2022, as mulheres da FLM realizaram a jornada de ocupação com a bandeira de luta “Nenhuma Mulher Sem Casa”. A ação denunciou a ausência de políticas públicas habitacionais, além da quantidade de imóveis abandonados na cidade de São Paulo.

Por meio de discussões, acesso ao conhecimento e ações práticas, as mulheres são fortalecidas e contribuam para a atualização das políticas públicas municipais. Ademais, coletivamente, atuam em defesa de seus direitos e da equidade de gênero.