Cidades Compactas com Bastante Verde para Combater as Mudanças Climáticas

por FLM
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Existem muitos ditados que expressam bem a situação atual como: “desgraça pouca é bobagem”, “o castigo veio a cavalo” e ainda “urubu quando está azarado o de baixo suja o de cima”.

Matéria do Jornal O Estado de S. Paulo, de 04 de abri de 2012, com base em dados da Unesp, dá conta de que entre os bairros da cidade de São Paulo a temperatura que antes variava em 10 graus, agora varia em até 14. Esta pesquisa foi feita em colaboração com a Nasa.

As áreas em vermelho no mapa são as mais adensadas e experimentam temperaturas de 28 a 30 graus, enquanto áreas próximas à serra da Cantareira, no extremo norte e de Engenheiro Marsillac, no Sul a máxima no mesmo instante fica em torno dos 18 graus.

Na primeira semana de junho, São Paulo recebeu a conferência da rede C40 (encontro de representantes de 40 cidades do mundo na luta contra mudanças climáticas). Entre os presentes o prefeito de Nova York, Estocolmo, representantes de Seul, Los Angeles, Vancouver, Berlim, Paris, Londres, Amsterdã, entre outros e o prefeito Gilberto Kassab.

 Este evento não pode ser esquecido. São Paulo sofreu aumento de temperatura de 3 graus nos últimos cem anos. A diferença de temperaturas entre a área central e a periferia é de 10 graus. Todos os anos convivemos com desastres naturais (ou muita chuva ou muita seca). No último verão morreram mais de 60 pessoas em decorrência das enchentes e desabamentos. Temos em nossa cidade 420 áreas de risco e 18 mil moradias nesses locais.

Os desafios são imensos, mas precisamos enfrentá-los. A expansão urbana não pode seguir na marcha atual. Se o poder público não disciplinar o uso e ocupação do solo urbano, teremos imensa conurbação desta região. O que já ocorreu com Osasco, Guarulhos, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá. Seja, a capital ligando-se com a região metropolitana de Campinas com o Rio de Janeiro pelo Vale do Paraíba, com o litoral vazando a Mata Atlântica. É um cenário perfeito para acentuar as mudanças climáticas, as tragédias ambientais e humanas. O poder público pode e deve trabalhar para ordenar e construir uma cidade compacta. A cidade de São Paulo com 11 milhões de habitantes ocupa um território de 1.522 Km². Possui densidade demográfica de 7400 habitantes por Km². A Grande São Paulo, com perto de 20 milhões de habitantes ocupa uma área de 8000 Km². Densidade demográfica de 2500 habitantes por Km². Enquanto Barcelona ocupa um território de 100,9 Km². Possui uma densidade demográfica de 16 mil habitantes por Km².

Se a nossa cidade for adensada para 15 mil habitantes por Km², aproximando-se de Barcelona, São Paulo pode ocupar menos da metade do território atual 740 Km². A grande São Paulo pode ocupar apenas 1.333 Km².

Com menos território ocupado, teremos menos impermeabilização do solo, gastaremos menos energia, menos mata e fontes de água destruídas. Podemos devolver as encostas de morros e áreas alagadiças à natureza. Transformar grandes extensões de terra em parques verdes. Copiar Berlim que tem 50% do território coberto por áreas verdes.

Para enfrentar o desafio de ordenar nossa cidade precisamos de um plano diretor corajoso, efetivo de longo prazo. Que trabalhe as diversas questões urbanas ao mesmo tempo. Transporte, lixo e educação. Mas, ter um carinho especial com uso e ocupação do solo. Desenvolver um plano habitacional arrojado para fixar a população de menor renda nas regiões urbanizadas. Fixar as diversas camadas sociais nas terras boas e urbanizadas da cidade. Adotar o princípio de morar perto do trabalho.

Realizar a reforma tributária. Que todas as propriedades tenham função social. Imóveis da cidade não podem ficar vazios, abandonados. Que os tributos sejam cobrados pelo tamanho: até 100 m² imposto justo, acima dessa metragem progressiva. E pela quantidade de propriedades de um mesmo dono: um imóvel para moradia ou atividades econômicas, imposto justo. Acima disso imposto progressivo, quanto mais propriedades, mais impostos.

Implementar a reforma administrativa, que descentralize ainda mais a administração pública e os serviços da cidade. Estimular os profissionais da saúde, educação, limpeza urbana, do comércio, dos transportes, dos serviços em geral, a morarem perto do trabalho. Somente o centro expandido da cidade, pode acomodar mais de dois milhões de pessoas. Aproveitando-se dos domicílios vazios, dos imóveis abandonados e do entorno da Rede Ferroviária Federal.

O trabalho é grande, a luta é sempre, mas como afirma nosso grande escritor, Machado de Assis: “Tudo é possível”.

QUEM NÃO LUTA, TÁ MORTO!!!

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