Na tarde de hoje, sexta-feira que antecede o Dia Internacional das Mulheres (08 de março), as companheiras da Frente de Luta por Moradia — FLM caminharam pela região central de São Paulo para reivindicar a implantação do Grande Projeto Habitacional “Nenhuma Mulher Sem Casa”.

Com a concentração na Praça da República, as mulheres seguiram pela Rua Barão de Itapetininga, Rua XV de Novembro, Largo São Bento, Viaduto Santa Ifigênia, Rua Antônio de Godoi e Avenida Rio Branco.
Além da leitura e panfletagem da carta aberta, as mulheres entoaram a música que traz a bandeira de luta “Nenhuma Mulher Sem Casa” e o cântico tradicional “Quem não luta, tá morto!”.
No documento endereçado aos poderes executivo, legislativo, judiciário, forças de segurança, vizinhança do entorno de imóveis abandonados e a todas pessoas que possuem poder, força e vontade de melhorar a vida das mulheres trabalhadoras sem-teto, expressou-se: direito à moradia, nenhuma mulher sem casa; redução da jornada de trabalho; trabalho igual, salário igual, salário justo que pague o valor do nosso trabalho; escolas/creches para nossos filhos; e punição à violência e aos crimes sexuais contra as mulheres.

O ato também destacou a importância do Dia Internacional da Mulher e a luta das mulheres por melhores condições de vida: em deferência às operárias que tombaram no dia 08 de março de 1857 na luta pela equiparação salarial e jornadas justas de trabalho.

Leia a carta aberta na íntegra:
Nós, mulheres sem-teto, trabalhamos duro para o sustento de nossos filhos e de nós mesmas. Trabalhamos como: cozinheira, costureira, gari, doméstica, arrumadeira, nos serviços de limpeza, nos hospitais, comércio, nas escolas, cuidadoras, motorista, metalúrgicos, têxteis. Estamos dando duro em uma infinidade de funções e serviços para manter de pé toda sociedade. Além disso, cuidamos de nossas moradias, de nossos idosos e criamos nossos filhos. Com toda essa labuta diária, que consome nossa vida, não somos reconhecidas, não somos valorizadas. E apesar desse trabalho duro, enfrentamos dupla jornada de trabalho, desrespeito em longos trajetos no transporte público, não ganhamos o suficiente para suprir as nossas necessidades e de nossos filhos. Sofremos a violência diária dos baixos salários, insuficientes para nossas necessidades e incompatível com a importância de nosso trabalho. Executamos a mesma função e recebemos salários inferiores. Bem fez o presidente Lula ao sancionar a lei da igualdade salarial. Em qualquer desarranjo do sistema capitalista somos as primeiras a perder o emprego.
Somos humilhadas diariamente, pois não conseguimos nos alimentar de maneira adequada, tratar da saúde, ter lazer, nem tempo para estudar. E combinado com esses infortúnios, devido à precariedade de nossas vidas, não conseguimos assegurar um futuro diferente para nossos filhos. Percebemos claramente, que o sofrimento que nossos antepassados viveram e que nós estamos enfrentando, estão reservados para nossos filhos e netos. São gerações sucessivas condenadas violentamente pelo trabalho humilhante e salários abaixo de nossas necessidades. Somos enclausuradas em territórios e moradias inóspitas para a vida humana.
Frente a este cenário catastrófico para nossas vidas e de nossos filhos, resolvemos correr atrás de nossos DIREITOS. Sabemos que no papel a legislação assegura o nosso Direito a uma MORADIA DIGNA. Vamos então construir, em parceria com o poder público, um grande projeto habitacional para as mulheres trabalhadoras: NENHUMA MULHER SEM CASA!
Frente de Luta por Moradia — FLM
07 de Março de 2025
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