Em clima carnavalesco e músicas autorais, trabalhadoras e trabalhadores sem-teto — organizados/as pela Frente de Luta por Moradia (FLM) — desfilaram pela 11ª vez na região central de São Paulo no sábado, 22/02.
Com a temática do “Nenhuma Mulher Sem Casa”, o bloco dos sem-teto concentrou-se na Avenida São João — uma das principais avenidas da capital paulista — seguiu em ritmo de alegria pela Avenida Ipiranga, Praça da República, Avenida São Luís, Rua Xavier de Toledo, Praça Ramos e finalizou o percurso na São João. Pelas ruas do centro de São Paulo — território de luta da FLM e marcado pelas ocupações de imóveis abandonados e disputa pelo direito à cidade — os sem-teto entoavam as marchinhas do movimento.

As composições “Nenhuma Mulher Sem Casa”, “Quem não luta, tá morto!”, “Sem justiça não existe amor”, “Direitos Humanos”, “Pode entrar” e “Bloco da verdade” marcam a participação da FLM no carnaval de rua de São Paulo com o intuito de reivindicar o direito à moradia, mas também garantir outros direitos, como ao lazer e à cultura.
Formado por famílias que vivem em ocupações, cortiços, favelas e comunidades de todas as regiões da cidade, o bloco leva a reivindicação dos sem-teto pelo direito à moradia para o espaço público e destaca a necessidade comum entre os movimentos filiados à FLM por uma política de ação direta que dê visibilidade à urgência de um plano habitacional digno em São Paulo. A construção da via entre cultura e luta possibilita aos sem-teto o momento de diversão e acesso à cultura, mas sem se desprender do objetivo maior: a luta por moradia.
Por isso, “o bloco na rua” — com as letras, coreografias, alas, fantasias, músicas e ritmos — é uma forma legítima de aglutinar cultura e arte no debate pelo acesso à cidade. Afinal, a cidade pertence às/aos trabalhadores.


BLOCO DOS SEM-TETO NA HISTÓRIA DO CARNAVAL DE RUA
No ano de 2014, o Bloco dos Sem-teto estreou no carnaval. A ideia surgiu da necessidade das famílias sem-teto — formadas por trabalhadores/as de menor renda — terem acesso à cultura e se divertirem na maior festa popular do país. Infelizmente, muitas pessoas não estavam acostumadas a curtirem o carnaval de rua. Isso, muitas vezes, em decorrência dos baixos salários e alto valores de aluguéis: seja, ou come ou paga o aluguel. Aglutinado a isso e a oportunidade de experimentar os blocos de carnaval, as famílias sem-teto organizaram-se para a nova experiência.
No início, o Bloco trazia as tradicionais marchinhas carnavalescas “O abre alas que eu quero passar”, “Daqui não saio, daqui ninguém me tira”, “Ei você aí, me dá um dinheiro aí”, entre outras. Porém, com o passar do tempo, dentro do Coletivo um grupo musical foi constituindo e assim nasceu a Banda Canto de Luta. Isso possibilitou a criação de suas próprias canções que retratam a luta por moradia — resultado do trabalho de base e organização popular.
O Bloco é organizado ao decorrer do ano, em reuniões semanais. A parte instrumental fica sob a responsabilidade da Banda Canto de Luta; a qual faz as aberturas com as músicas do bloco e, assim, quando chega o Carnaval todos os participantes estão alinhados com as letras e músicas do movimento.
Em mais de uma década de existência, percebe-se uma ascensão do número de participantes; tanto nos militantes, parceiros, simpatizantes da causa, bem como o transeunte carnavalesco. Com isso, nota-se que a cada tempo o público aumenta.
Viva o carnaval, viva a manifestação popular. viva a alegria do povo trabalhador.

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Texto elaborado pela Assessoria de Comunicação da FLM, com a colaboração de Mildo Ferreira
Fotos: Jane Tanan